Serra fala sobre a crise global em debate na capital

Para o governador, juros altos e câmbio artificial continuam afetando a economia do país

seg, 11/05/2009 - 17h30 | Do Portal do Governo

Atualizada às 18h20

O governador José Serra encerrou nesta segunda, 11, em São Paulo, o debate “A crise global e as alternativas para a reconstrução da economia”, promovido pela revista Exame, do Grupo Abril. O evento reuniu os ganhadores do Prêmio Nobel de Economia Robert Mundell, Joseph Stiglitz e Edward Prescott, além do ex-ministro Delfim Netto, para discutir as origens e saídas para a crise.

Em sua exposição, que durou cerca de 25 minutos, o governador afirmou que estados e municípios são os principais responsáveis pelos investimentos governamentais no país e podem fazê-lo de forma mais rápida que o governo federal. “Nós estamos investindo muito, talvez a maior taxa de investimentos da história do Estado, neste ano de crise, porque não dependemos de receitas correntes”, explicou. “Sem dúvida isso está contribuindo para manter o nível de empregos, porque nunca houve tantas obras simultâneas no Estado de São Paulo”.

Serra ainda destacou que a crise permitiu ao Brasil ter uma desvalorização cambial sem aumento da inflação, que coincidiu com a queda dos preços das commodities. Aliado a fatores como a queda do endividamento do setor público, o peso dos bancos públicos e o baixo coeficiente de abertura das exportações, este efeito contribuiu para proteger a economia brasileira desde o início desta crise.

Os juros altos e o câmbio artificial continuam afetando a economia do país, na opinião do governador. Serra defendeu que o Banco Central poderia ter feito uma redução maior da taxa básica antes mesmo da crise, e em especial depois que ela começou. “A mudança estrutural tornou-se mais difícil, mas isso não significa que não se possa fazer mudanças graduais ou também que possamos relaxar com relação a possíveis turbulências na economia mundial”.

Sobre o futuro da crise, Serra preferiu não fazer previsões, mas disse que “é preciso ter uma política monetária diferente, mais sensata, baseada na análise econômica, conter a expansão dos gastos correntes e procurar maneiras de apressar e tornar mais ágil os investimentos governamentais”.