Governador discursa em workshop anticorrupção

Geraldo Alckmin: Bom dia a todas e a todos. Muita alegria de recebê-los.  Cumprimentar a Dra. Maristela Marques Baioni, representante do Pnud; Geraldo Bertin, assessor regional de Políticas em Termos […]

qui, 26/01/2012 - 11h00 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Bom dia a todas e a todos. Muita alegria de recebê-los.  Cumprimentar a Dra. Maristela Marques Baioni, representante do Pnud; Geraldo Bertin, assessor regional de Políticas em Termos de Governabilidade e Descentralização do Panamá; Ronald da Silva Barbi, diretor de planejamento, coordenação das ações de controle da Controladoria Geral da União; Gustavo Ungaro, presidente da Corregedoria Geral de São Paulo; Rodrigo Tavares, assessor para assuntos internacionais; John Doddrell, cônsul geral britânico em São Paulo; Elizabeth Kobayashi, procuradora chefe substituta da Procuradoria da República, Fernando Pastorelo Kfouri, promotor de Justiça, representando o Ministério Público; Délio Marcos Montresor, corregedor da Polícia Civil; corregedores, auditores, ouvidores, amigas, amigos.

[Quero] dar as boas vindas, desejar um ótimo trabalho no dia de hoje. Destacar a importância do tema, da transparência, da melhor gestão pública, do combate à corrupção. É um trabalho interminável, né? Olavo Bilac dizia que há no interior de cada homem ou de cada mulher, o demônio que ruge e um Deus que chora. Então, a imperfeição humana está em todas as nações e o que estimula é a impunidade. Então, sistemas de controle e a punição são essenciais para poder melhorar a aplicação dos recursos públicos. De outro lado, a impunidade, a morosidade da Justiça acaba também estimulando a atividade criminosa. Os controles hoje, os sistemas de telecomunicações, interligação de dados, rede de dados, investigação, eles podem ser extremamente importantes como instrumentos de controle. E na transparência, nós estamos procurando, através do governo eletrônico, do E-gov, e da tecnologia de informação, que São Paulo tenha a maior transparência possível, em termos de dados, conhecimento através da população e uma Controladoria do Estado que faça a corregedoria, também oriente bons processos e melhor eficiência no gasto público.

No caso do Brasil, nós já temos uma carga tributária muita alta, ela precisa até ser reduzida, e a única maneira de reduzi-la é com mais eficiência no gasto público. E a questão de natureza ética, a política é uma atividade essencialmente ética. Se não há ética não há política, pode ter administração, mas não política, a política é uma atividade de servir ao coletivo, de servir a comunidade. E vejo também à importância desse encontro para repensarmos os nossos modelos de controle. Eu, com trinta e cinco anos de vida pública, fiquei com tristeza com o estado, e os que roubam ficam milionários, tinha um patrimônio desse tamanho. Então, hoje o dono de televisão, rádio, indústrias, empreiteiras, fazendas não acontece absolutamente nada, mas o coitado que brigou com o cartório, o prefeito que fez o edital para por médico no pronto socorro, por emergência, por que as pessoas iam morrer, esse é execrado em praça pública, por quem contrariou o cartório. Roubar não tem problema, agora se você não cumpriu a regrinha, inelegível. Ficha suja. Qual a lesão ao patrimônio público? Zero! Dinheiro foi aplicado, mas você não cumpriu ali. Nós temos uma visão cartorial: o sujeito descumpriu o cartório ele vai se punido, severamente, é execrado, vai para o jornal, é punido, inelegível, é um desastre. Honestos. E os desonestos, nada! Milionários, roubaram no passado, roubam no presente, roubarão no futuro. O nosso sistema de controle é de uma fragilidade absoluta.

[Se a gente] pegar o impeachment do presidente da República no Brasil: acidente! Brigas de irmãos por um jornal em Alagoas. Se não tivesse um irmão denunciando o outro, não tinha acontecido nada. Eu era deputado federal, os anões do orçamento do Congresso Nacional, 11 deputados cassados: acidente. Funcionários do Senado têm o assassinato da sua esposa, descobrem que ele era o mandante, ele é preso, ai resolve contar o que e passava na comissão de orçamento do Congresso: mero acidente. Se não nunca ninguém ia ficar sabendo. Ou seja, é muito cartorial, sentido de cultura do cartório, do papel, e muito pouco no sentido de a Justiça realmente punir quem rouba, continua roubando e roubará no futuro. E todos nós sabemos, de tensão, mas não acontece absolutamente nada. Então, é amargo, não é? É triste a gente ver essa falta efetiva de Justiça e de controle, muito pouca Justiça e uma enorme impunidade. Aliás, grandes fortunas se fizeram em torno do aparelho do Estado, sugando os interesses do aparelho do Estado e um patrimonialismo impressionante. Não é só no Brasil, mas no Brasil chama a nossa atenção. Por isso, vejo como absolutamente relevante repensarmos os sistemas de controle do aparelho do Estado em todos os níveis, em todos os Poderes no Brasil. Nunca foi mais do que necessário que isso se faça e hoje, com um enorme instrumento, uma enorme ferramenta, que é a tecnologia de informação, para se ter mais transparência, e mais controle sobre os recursos da população. Um bom trabalho.