Alckmin discursa ao transferir CEDATT para pasta de Desenvolvimento Metropolitano

Geraldo Alckmin: Boa tarde a todas e a todos! Estimado secretário, doutor Saulo de Castro Abreu Filho, secretário do Estado de Logística e Transporte; deputado federal, Edson Aparecido, secretário do […]

qua, 21/03/2012 - 22h16 | Do Portal do Governo

Geraldo Alckmin: Boa tarde a todas e a todos! Estimado secretário, doutor Saulo de Castro Abreu Filho, secretário do Estado de Logística e Transporte; deputado federal, Edson Aparecido, secretário do Estado de Desenvolvimento Metropolitano; doutora Eloisa Arruda, secretária de Estado de Justiça e Defesa da Cidadania; deputada Célia Leão; doutor Fábio Racy, secretário executivo do Cedatt – Conselho Estadual para Diminuição dos Acidentes de Trânsito e Transporte; doutora Karla Bertocco, diretora geral da Artesp; doutor Clodoaldo Pelissioni, superintendente do DER; doutor Renato Viegas, presidente da Emplasa; prefeito de Itapecerica da Serra, Jorge Costa, que falou em nome dos seus colegas; prefeita de Juquitiba, Maria Aparecida Maschio; prefeito em exercício de Valinhos, Moisés Gregório; prefeito de Santa Adélia, o Marcelo Hercolin; Mairiporã, Antônio Aiacyda; prefeito de Lucélia, João Pedro Morandi; Guararapes, prefeito Dedê; Irapuã, Padre Osvaldo; Salmourão, José Luís Rocha; e Vargem Grande Paulista, o Roberto Rocha. Coronel Evandro Veloso, comandante do Policiamento de Trânsito; Helênio Romualdo de Almeida, superintendente do Departamento da Polícia Rodoviária Federal; Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindimoto, em nome de quem quero saudar aqui os sindicatos aqui presentes; vereadores, secretários, conselheiros do Cedatt a quem agradeço o trabalho importante, voluntário em benefício da nossa população. Membros e associações e entidades no setor de trânsito e transporte, representantes da sociedade civil, amigas e amigos.

É, para mim, uma enorme alegria, até como médico, participar aqui hoje deste encontro, que é uma prestação de contas do trabalho feito, um belo trabalho. Só na área de concessão da Artesp, uma redução desta década de 38% dos acidentes; do lançamento do livro: Todos Por Um Trânsito Mais Seguro, e a passagem do Cedatt para a secretaria do Desenvolvimento Metropolitano, porque a questão dos acidentes, do trânsito, do transporte, envolve especialmente as cidades.

Eu perguntei ao Gilberto ano passado quantas pessoas morreram em São Paulo só de acidente de moto, só moto, e só na capital, uma cidade: 500 mortes. Fora os acidentados e sequelados. Eu me lembro, o duro encontro com a realidade quando dei o meu primeiro plantão, quartanista de medicina, no pronto-socorro, Hospital Regional, em Taubaté. A impressão que eu tive naquela madruga é que havia uma guerra lá fora; é uma guerra! E aqui tem o hospital de retaguarda porque era a noite inteira: atropelado, baleado, esfaqueado, acidentado, Dutra, estradas da região, ininterruptamente. A terceira causa de morbidade nos países industrializados não é doença, não é doença; é causa externa. A maior causa das causas externas era tiro, arma de fogo. São Paulo tinha, em 1999, 13 mil praticamente, 12.900 homicídios por ano. Morriam quase 13 mil pessoas assassinadas por ano. Reduziu para 12, 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, o ano passado foi 4.300. Aliás, doutor Saulo, a Polícia Militar, Civil, Científica tiveram um grande papel. Nós saímos de 35 homicídios por 100 mil habitantes para 10,01. Do quinto estado mais violento do Brasil para o 25°. E olha que nós temos uma população maior do que a Argentina, maior que a Argentina. O Brasil tem 24 homicídios por 100.000 habitantes, São Paulo, 10,01. A Organização Mundial de Saúde disse que, acima de 10 é epidemia, quer dizer inaceitável. Temos que chegar a um digito. E o que é que aconteceu? Os acidentes de trânsito passaram os homicídios, então hoje a maior causa de morte de causa externa é moto, carro, caminhão, atropelamento são os acidentes de trânsito. Grande parte nas áreas urbanas, metropolitanas e esparramado pelos 645 municípios. De tal maneira isso é forte que as três grandes causas de mortalidade: a primeira, coração e grandes vasos; a segunda, câncer, e a terceira, acidente. Representam 90% da mortalidade. Ou seja, o restante de tudo é pouquinho. E essas causas externas, é muito jovem, jovem. Quinta, sexta, sábado, finais de semanas, de noite. De tal maneira que, sob o ponto de vista de saúde pública, se diz que o idoso morre de coração ou de câncer, e o jovem, de acidente.

E aí esse esforço redobrado, não é, que nós temos que fazer no sentido de enfrentá-lo. E são causas múltiplas. Doutor Fábio Racy, que é um especialista no assunto, vai desde apneia do sono, porque evidente que tem pessoas que tem apneia do sono e dormem mal, não percebem, mas estão dormindo mal, estão tendo o sono interrompido, problema de via respiratória, dificuldades, e tem sono durante o dia, e dormem na direção. Imagina cochilar na direção de uma jamanta, não é, de uma correta, de um ônibus? Então, questões relevantes sob o ponto de vista de saúde. Bebida alcoólica, nós estamos atarraxando do jeito que a gente pode essa questão do alcoolismo, não é? No sentido de, “olha, menor de 18 anos…” Os jovens estavam começando a beber com 13 anos, às vezes com 12 anos. E quanto mais cedo começa a beber, maior a chance de alcoolismo. Há uma certa tolerância, não é?, com o álcool e uma intolerância com o cigarro. Deve ter intolerância com o cigarro, mas também precisa ter com o álcool. Ninguém bate na mulher porque fumou, mas bate na mulher porque bebeu. Ninguém atropela e mata três na calçada porque fumou, mas atropela e mata porque bebeu.

Então, esse esforço grande de direção segura, de… Só um segundinho aqui. Médico aqui não falta, não é? Mas vocês sabem que isso é um fato interessante, doutor Fábio, eu sei por que eu estou na estrada e tem um acidente, eu já mando o motorista parar na hora. Então um caso clássico do Conselho Regional de Medicina, ele que é da Polícia Rodoviária Federal em Guaratinguetá. Ali entre Guaratinguetá e Lorena tem um restaurante francês, uma cozinha francesa muito chique, chamado Paturi, em frente ao restaurante Três Garças. Então, quem vai de São Paulo para o Rio de Janeiro, do lado direito, entre Guara e Lorena, o Paturi; pequenininho, restaurante chique, cozinha francesa. E do lado esquerdo o grandão aonde para os ônibus, o Três Garças. Em frente ao Três Garças tinha passagem em nível, não era fechado, não é? Aliás, a Dutra não tinha guard rail. Eu, quando era deputado, vindo para Cumbica em um Golzinho, de Pinda para Cumbica, deputado federal. Passou na minha frente uma jamanta; sujeito se perdeu, passou por cima do canteiro, atravessou assim na minha frente. Passou, foi o tempo de eu frear, ele passou e virou lá no acostamento fora da pista. Mas houve um acidente muito grave em frente ao Três Garças. O caminhão foi atravessar ali e o ônibus bateu. Teve mais de 20 feridos, 4 ou 5 mortos e à noite. E era véspera de reveillon, para dia 30 ou 31. E o grupo de médicos jantava, médicos de Guaratinguetá jantavam com as esposas no restaurante Paturi; e o acidente foi muito grave. Também não tinha naquele tempo o resgate rápido, né, como tem hoje nas nossas estradas equipes de saúde, de emergência, muito treinadas e tal. Bom, mas o fato é que houve uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina que era impossível aos médicos não terem conhecimento de um acidente daquela gravidade ali na Dutra. De onde que eles estavam dava até para ver o acidente. E nenhum deles foi socorrer as pessoas, e todos continuaram lá no restaurante. E aí abriu um verdadeiro case no Conselho Regional de Medicina, abriu um processo. Então, nós todos, colegas, apostos, não é? Precisou, 24 horas aí à disposição.

Mas eu quero é dizer da alegria de… Quero dizer a alegria de participar aqui desse encontro. Dizer que quero me colocar, Edson, como conselheiro voluntário para participar de reuniões aí, periódicas. E vamos fazer um trabalho por terra, mar e ar, porque é a vacina, vacina mais importante. E é o tipo do trabalho que é muito gratificante. Porque as doenças do coração, e as moléstias neoplasias você vai meio que esticando, não é? Você vai empurrando a coisa. Então, você tem lá uma insuficiência, você vai e troca a válvula, depois ele tem uma estenose, você abre um pouquinho, ele tem uma neoplasia, você opera, tira, depois você faz quimio, rádio, você vai meio que… O acidente pode ser totalmente evitado, totalmente evitado, e tem inúmeras causas, é comportamento, é cansaço, determinados tipos de doenças, é imprudência alheia, tem de tudo. Então é o tipo de trabalho muito gratificante, que pode trazer resultados maravilhosos sob o ponto de vista de saúde pública, a conscientização… Saulo me dizia agora ali saindo, que com o pedágio Ponto a Ponto eletrônico… Hoje o que é que o pessoal faz? A lógica é não deixar ter correria, porque a maioria dos acidentes graves está ligada à velocidade, os acidentes graves estão sempre ligados ao cara está pé embaixo. Então, o sujeito vem com tudo; aí vê o radar, ele freia, freia, para; no pedágio eletrônico acabou o radar porque é a média da velocidade, você evita do sujeito ir naquela velocidade alta, e depois tem uma redução rápida, ele vai ser multado na média, não adianta ele correr e depois brecar, então você vai… Nós vamos usar a tecnologia para você ir ter ganho de controle, no sentido de preservar a vida da população.

Mas eu quero agradecer ao doutor Saulo, agradecer ao Edson Aparecido, dizer da importância aqui do Cedatt e na nossa confiança no trabalho. Um dia desses, eu ouvi uma palestra, Célia Leão, do ex-ministro Roberto Rodrigues. E o Roberto é muito engraçado, e muito interessante, ele é bem humorado, então ele falando sobre expectativa de vida. Falou: “Olha, o homem das cavernas vivia 20 anos, a expectativa de vida média na antiguidade era 20 anos; no império romano, a expectativa de vida média era de 25 anos; no Brasil do século passado, 1940, expectativa de vida média de quem nasceu naquela época era 43 anos de idade”. Por quê? Porque a mortalidade infantil era muito alta; de cada mil nascidos vivos, 140 morriam no primeiro ano de vida, então puxava a expectativa média para baixo, e porque não tinha antibiótico, morria de moléstia infectocontagiosa: tétano, tuberculose, gripe. A gripe espanhola, em 1918, matou 300 mil brasileiros, gripe; inclusive o presidente da república, olha lá, aquele retrato que está lá na parede, atrás do Plácido, o presidente Rodrigues Alves. O presidente Rodrigues Alves, que foi o único presidente, antes do Lula e do Fernando Henrique, a ser eleito duas vezes; na segunda vez ele foi eleito e não tomou posse, ele morreu entre a eleição e a posse. E ele foi governador de São Paulo, foi presidente da República, terceiro civil: Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves. Voltou a ser governador de São Paulo, voltou a ser presidente da República e morreu de gripe espanhola antes da posse, em 1918. Assumiu Delfim Moreira, política do café com leite, São Paulo e Minas. Assumiu o mineiro Delfim Moreira, que também ficou louco, vê que aquela legislatura foi difícil, não é?

Mas o fato é que se morria de gripe. Isso acabou, então as pessoas vão embora. Hoje é de 74 anos a expectativa de vida média, média. As mulheres em média, quantos anos a mais do que nós? 5, 6 anos a mais, por que as mulheres vivem 6 anos mais do que os homens? Já ouvi muito resposta machista, não é? Quais são as três causas, a primeira é? Coração. Os hormônios femininos, ovarianos, estrógeno e progesterona protegem o sistema cardiovascular das mulheres, então quem for ao Incor, agora, de cada dez leitos de unidade coronariana sete são homens! Depois da menopausa com a queda de produção dos hormônios femininos, começa a igualar, mas nunca é igual, às mulheres sempre têm uma proteção maior. A segunda causa é igual, câncer, ela não vária com o sexo, ela vária com a idade! O câncer é doença de idoso, quanto maior a idade, maior a incidência! Com 80 anos de idade, de cada dez homens, sete tem câncer próstata. A boa notícia é que é uma doença curável, vai curar e vai morrer de velhice. A terceira causa… E varia o tipo de câncer, primeiro… Qual é a primeira causa de câncer no Brasil, primeiro… A primeira neoplasia? É uma que não mata muito, é? Pele! Pele, ela é a primeira, mas não é a mais importante, porque 90% é carcinoma, aquela pintinha que não dá metástase, então não vai acontecer nada, 10% são melanoma, que é muito agressivo, então ela é menos importante porque a maioria é carcinoma, não dá metástase. Então para valer a primeira do homem é? Próstata e, a primeira da mulher é? Mama. O homem, primeiro, próstata, tirando o de pele. Depois, se for fumante, pulmão. Se não for, tubo digestivo. Mulher, o primeiro, mama. Se for fumante, pulmão. Se não for, tubo digestivo.

Um dia desses, eu fui tomar um café ali na Praça da Republica ali ao lado, e fui pagar o café, Eloisa, aí cheguei no caixa, a mocinha do caixa, aquela parede de cigarro, aí olhei o primeiro maço, uma cinza caindo assim, o cigarro dá impotência! Aí olhei o outro maço, uma caveira, cigarro mata! Aí eu perguntei para mocinha: ‘o pessoal lê isso aqui, e compra?’ Ela falou ‘doutor, compra, mas todos querem o que mata, não é?’. Bom, mas o fato É que a terceira causa é acidente. Quem tem mais acidente, homem ou mulher? Homem. Só para ter uma ideia na questão de segurança, nós temos 186 mil presos. Quantos presos são homens? 94,6%. Só 5% de mulheres; e ainda é a má companhia dos homens, né? Então, os homens… Motocicleta, 90% é homem. Tiro, 90… Rapaz… Os nossos filhos correndo risco de vida nos finais de semana. Então, as mulheres vivem mais. Um dia desses, eu fui à Vila Prudente, no Centro da Terceira Idade, lá na Vila Prudente, dar uma palestra; 200 pessoas. Média de idade, 85 anos. Só mulher. Os homens tinham morrido todos. E o Centro da Terceira idade chamava As Sapecas. Mas dizia, então, o Roberto Rodrigues: “Nós vamos chegar a 2050, 100 anos de idade.” e eu acrescento: “As mulheres não morrerão mais”.